O Cordel é um estilo de vida...

A Bruxa de Areia Dourada e a Justiça do Cajado - Editora Areia Dourada - 184 pg- Josué G. Araujo Frete Grátis

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A primeira metade do séc XX foi marcada pela transição do Brasil rural para a urbanidade, mediada pela revolução industrial. O povo assimilou a tradição dos elementos indígenas, sobretudo na medicina popular, e muitas rezadeiras habitaram os rincões sertanejos nas pequenas e grandes localidades. Em Areia Dourada, Nhá Maria era a guardiã de muitos conhecimentos ancestrais. Mas uma tragédia lhe custaria a própria vida. O que sabemos é que a verdade sempre vem à tona. O tempo detêm esse poder. A poesia narrativa do cordel a conta agora.

História é para contar,
Verdade para ser dita, 
Nhá Maria foi queimada
Feito uma bruxa maldita,
Mas, seu cajado volveu
Com a força da desdita.
 

À noite se declinava
Na claridade da Aurora;
A cantoria dos galos,
Numa harmonia sonora,
Alertava os dorminhocos:
“Acordem que já é hora!”

Ventania dos Diabos
Levantando a poeirada
Naquelas ruas de terra,
Longínqua Areia Dourada,
Cidadezinha no ermo
Onde termina a estrada.

Rodopiando ao acaso,
Galhos finos ressecados
Foram se enroscar nos pés,
Rugosos e avelhantados,
Da velhota Nhá Maria
Dos olhos dependurados.

Com descendência indígena
E secular existência,
Aquela velha matreira,
Repleta de experiência,
Estava muito atrasada
Na habitual diligência.

Na cabeça, uma cesta
Escanchada na rodilha,
Feita dos próprios cabelos
Sempre presos na presilha.
Na mão brandia o cajado
Com a ponta em forquilha.

Usando o dito cajado
Varreu a seca galhada,
Resmungando em solilóquio.
Acelerou a passada,
Numa luta contra o tempo
Para cumprir a empreitada.  

— Que diacho! Lá vem o sol! —
Maldizendo-se a velhota
Entrou rápida na viela,
Tentando encurtar a rota
E livrar-se do moleque,
Que lhe fazia chacota.

Numa porta bem fechada
O cajado bateu forte.
Era a porta da quitanda
Do homem de grande porte,
O Maneco vermelhão,
Migrante vindo do Norte.

A porta logo se abriu
E a cesta foi recolhida
Em dois piscares de olhos,
Sendo logo devolvida.
A cena de tão ligeira,
Transcorreu despercebida.

A velha apanhou a cesta
Deixando a porta fechada.
Indagou a redondeza
Com jeito desconfiada,
Consultou o horizonte
Suspirando aliviada.

No caderninho surrado,
Fez a sua anotação:  
“Em 10 de abril de 50.”
Espiando com atenção,
Sem notar alma vivente,
Demonstrou satisfação.

Descambou pela ladeira
Andando ligeiramente,
Quando então sentiu nas costas,
Dor aguda de repente,
Por causa duma pedrada
De um moleque irreverente.

Fugindo o guri cantava:
“La vai a bruxa papão
Que sequestra as criancinhas
Para fazer seu sabão.
É a bruxa Nhá Maria
Voando em seu cajadão”.

— Malditos! Guris, malditos! — 
Praguejava Nhá Maria,
Pois, sempre que se atrasava,
A velha se aborrecia.
Os galos já não faziam
Toda aquela cantoria.

Cercado de balaústres,
Portão velho de madeira,
A cabana toda em tábuas
E o oitão com trepadeira,
Nessa casa residia:
Nhá Maria saboeira.

Trajada sempre em chita,
Recheada com saiotes;
Sandálias de couro cru,
Blusas velhas sem decotes,
Simplicidade demais,
Nos seus verdadeiros dotes.

Na torre os sinos da igreja
Repicavam sem parar,
Alertando os devotos:
A missa vai começar!
Nhá Maria entrou em casa
Bem antes do sol raiar.
...

... A história da velha Nhá Maria em Cordel tem mais de oitocentas sextilhas. A narrativa é uma ficção, mas alguns personagens existiram e serviram de inspiração para a minha viagem literária. A Bruxa de Areia Dourada e a Justiça do Cajado, mesmo sendo ficção, algumas cenas, às vezes se confundem com as minhas lembranças. A primeira e a mais bela história que ouvi foi de Cordel, contada pela minha avó. O que eu não faria para reviver aqueles momentos, sentado ao seu lado, junto ao tronco do velho abacateiro sob um céu estrelado... ...

Vovó contava histórias,
De fada e reino encantado,
Recitando tudo em verso
Rimado e metrificado
Sob a luz do candeeiro,
O Cordel era contado.

...

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