Cartilha: "O Caminho Não Suave do Cordel: as regras -64pg - Josué Gonçalves de Araujo - Areia Dourada
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Esta cartilha pretende informar e orientar aos interessados sobre Cordel. O Cordel brasileiro é reconhecido pelo IPHAN como cultura imaterial do Brasil. Você pode não ser um poeta e nem se transformar em um cordelista mas, com certeza, ao ler esta cartilha saberá responder o que é Cordel.
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Não existe escola nem curso para formação de poeta,
mas todo poeta precisa ler ou ouvir.
Poeta nasce poeta, mas eu só soube disso, lendo muitos livros.
Agora não sei mais se nasci Poeta ou se me tornei Poeta
por ter lido bastante.
Nem todo poeta é um Cordelista.
Todo Cordelista tem que ser, essencialmente, um poeta.
As regras do Cordel não fazem, de ninguém, um Cordelista.
Todo Cordelista tem que conhecer as regras do Cordel.
Não existe Cordel sem as regras do Cordel.
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O Cordel nasceu em Recife, na pena do paraibano Leandro Gomes de Barros. Cresceu dentro dos trens Maria Fumaça nos trilhos do sertão nordestino, sobre o lombo de jegues seguindo nas trilhas da caatinga. O Cordel sobreviveu as margens da nossa literatura erudita, ansioso para sentar-se ao lado dos seus primos: O Soneto e a Trova. A bancada estaria completa: Soneto - Trova - Cordel. Simplesmente, Cordel. Não literatura de Cordel. Não existe literatura de SONETO ou literatura de TROVA, também não existe literatura de CORDEL. Existe a literatura brasileira e seus gêneros e subgêneros, tais como:
Soneto, Trova e Cordel.
"Nosso Cordel é brasileiro!
“No final do séc. XIX e início do séc. XX, a cidade do Recife, em Pernambuco era o centro cultural e político do Nordeste Brasileiro. A sua Faculdade de Direito recebia os pensadores e literatas que construiriam a cultura brasileira: Castro Alves, Tobias Barreto, Ireneo Joffily, Sílvio Romero, Augusto dos Anjos entre outros passaram pelos seus corredores e sentaram em suas salas de aula. Paralelamente a isso, um grupo de poetas oriundos do sertão e da Zona da Mata paraibana começou a publicar em rústicos folhetos seus poemas longos e paródias, pensando o dia a dia do povo trabalhador da futura metrópole:
Era o Cordel que surgia pelas mãos de:
- Leandro Gomes de Barros,
- Silvino Pirauá de Lima,
- Francisco das Chagas Batista e
- João Martins de Ataíde.”
“O Cordel brasileiro, como é hoje, não tem qualquer raiz ibérica, mesmo com alguns pesquisadores insistindo nessa tese. A literatura de Cordel ibérica ou francesa ou italiana, as folhas soltas, nada têm em comum com a forma poética do nosso Cordel. Há um sistema no Cordel brasileiro: um autor, um editor, um leitor, um crítico. A literatura de Cordel ibérica nunca teve, nem terá, porque é morta, sem sistema. Os pais do Cordel brasileiro são esses quatro cavalheiros enfatiotados aí:
São eles:
Leandro Gomes de Barros, o autor-editor-vendedor, criador da forma e do folheto;
Silvino Pirauá, o poeta enciclopédico, criador do romance em versos;
Francisco das Chagas Batista, fundador da Popular Editora, editor de Leandro, autor de antologias de poetas do povo;
João Martins de Athayde, controverso editor e poeta, visionário do mercado do Cordel, empreendedor ...”
Aderaldo Luciano,
doutorado em literatura com tese em Cordel.
https://adercego.wordpress.com/"
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O Cordel conta histórias em estrofes de:
Sextilhas, Setilhas ou em Décimas.
Qualquer outra forma de estrofes não está dentro das regras imutáveis do Cordel.
Leia a cartilha didática do cordel
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